Rosemira Nayla
sábado, 12 de março de 2011
Pancreatite...
PANCREATITES
O pâncreas é uma glândula em forma de gancho situada na parte superior do abdômen, atrás do estômago. Constituído por três segmentos, o corpo, a cabeça e a cauda, está em contato íntimo com o fígado e o duodeno, a primeira porção do intestino delgado.
Em verde na imagem 02, pode ser vista a vesícula biliar onde é armazenada a bile produzida no fígado e transportada através dos ductos hepáticos, que se juntam ao canal cístico da vesícula para formar o colédoco. Do pâncreas sai um canal, o ducto pancreático, que desemboca junto com o colédoco no intestino delgado, levando secreções que vão atuar na digestão e absorção dos alimentos. Além dessa função, o pâncreas tem também a de produzir hormônios, entre eles a insulina e o glucagon, reguladores do metabolismo da glicose.
O álcool é de todas a principal causa da pancreatite, uma inflamação do pâncreas que pode ser aguda ou crônica. Ninguém acha que bebe muito. A tendência é sempre achar alguém que bebe muito mais. No entanto, poucas doses diárias de destilados e três latinhas de cerveja podem causar danos irreversíveis ao pâncreas.
PANCREATITE AGUDA
A principal causa de pancreatite aguda é a formação de cálculos biliares, especialmente de cálculos pequenos (os grandes não criam tanto problema), que migram pelos canais que comunicam a vesícula com o colédoco. Se um desses cálculos ficar preso na porção terminal do colédoco junto ao ducto pancreático e provocar uma obstrução, o pâncreas inflama porque não consegue dar vazão às secreções exócrinas que deveriam ser lançadas no intestino.
Muitas vezes, esses cálculos da vesícula biliar são assintomáticos e sua presença é descoberta acidentalmente quando, por qualquer outra razão, a pessoa passa por um check-up, por exemplo. Feito o diagnóstico, porém, o melhor é retirá-los cirurgicamente para evitar uma crise de pancreatite aguda.
Os cálculos biliares devem ser retirados apesar da pessoa não sentir nada.
Quanto a evolução da pancreatite aguda, a maior parte dos doentes, 80%, tem evolução favorável e o problema está resolvido depois de 3, 4, 5 dias, uma semana no máximo de internação hospitalar, uma vez que não dá para tratar a pancreatite em casa.
Náuseas e vômitos associados à dor são outros sintomas da pancreatite. Se houver obstrução do canal da vesícula e do canal do pâncreas, será interrompida a passagem das secreções pancreáticas lançadas no intestino. Isso dificultará o caminho da bile, que vai parar no sangue e provoca icterícia, que não é intensa nem se manifesta em todos os casos de pancreatite. Às vezes, só o médico percebe a coloração amarelada dos olhos e da pele do doente no exame clínico.
A primeira causa de pancreatite aguda é o cálculo biliar. E a segunda é o álcool. Existe discussão muito grande a respeito do assunto. Entre os gastroenteronlogistas, há os que acreditam que o álcool só produz a lesão crônica e que os episódios de dor seriam a agudização da pancreatite crônica.
Estudos mais recentes, porém, sugerem que o álcool tem a capacidade de provocar efeitos nocivos sobre o pâncreas que resultam numa pancreatite aguda de natureza alcoólica. Vários surtos de pancreatite aguda alcoólica facilitam o aparecimento de lesões que se cronificam no pâncreas.
Essas duas causas respondem por aproximadamente por 80% dos casos. Os outros 20% são provocados por medicamentos (geralmente os diuréticos, anticonvulsivantes e os imunossupressores usados nos transplantes de órgãos) e pela mordida do escorpião que possui um veneno muito tóxico.
Eu diria que mais freqüentes do que todas essas, talvez a terceira causa seja as alterações do metabolismo de gordura, isto é, a hiperlipidemia. Por um mecanismo complexo, taxa elevada de gordura no sangue (níveis de triglicérides acima de 400, 500, 700) pode também provocar pancreatite aguda.
PANCREATITE CRÔNICA
Os sinais e sintomas da pancreatite crônica são três as principais manifestações da pancreatite crônica: dor, diarréia e diabetes. A dor aparece nas fases de agudização da doença e é igual à provocada pela pancreatite aguda. Já a fibrose que vai tomando conta do pâncreas faz com ele perca as funções exócrina e endócrina. A principal conseqüência do comprometimento da função exócrina é diminuir a produção de lipase, enzima responsável pela digestão de gorduras. Resultado: o paciente apresenta diarréia de intensidade variável, porque não consegue digerir e absorver a gordura contida nos alimentos. Ela é eliminada pelas fezes, que se tornam volumosas, com cheiro muito forte e bóiam no vaso por causa do conteúdo gorduroso.
Do ponto de vista endócrino, embora um pouco mais tardiamente, instala-se o diabetes por causa da diminuição da insulina ou da incapacidade do pâncreas em produzir esse hormônio.
Quando se fala em álcool, logo se pensa no fígado, mas ele lesa também o pâncreas. Em relação à pancreatite alcoólica aguda, não existem estudos que mostrem qual é o volume necessário para provocar a doença. Sabe-se, porém, que os surtos costumam aparecer depois da ingestão de quantidade grande de álcool, especialmente quando associado à dieta muito gordurosa, que estimula a secreção das enzimas pancreáticas.
No que se refere à pancreatite crônica, os estudos existem e mostram que a mulher é mais sensível ao álcool do que o homem. Nela, a quantidade necessária para produzir lesão pancreática é de 60 gramas de álcool etílico por dia, em tempo prolongado. No homem, é de 80 gramas. Se lembrarmos que a cerveja tem 5%, 6% de álcool, 60 gramas correspondem a quatro latinhas de 300ml, 330ml.
Outros fatores que às vezes podem causar pancreatite incluem:
Trauma abdominal (pancreatite traumática),
Cirurgia abdominal,
Medicamentos, incluindo certos antibióticos (metronidazol, sulfa e tetraciclina), diuréticos tiazídicos e estrogênio,
Altos níveis de cálcio ou triglicérides no sangue,
Algumas infecções, como caxumba ou hepatite viral,
Procedimentos endoscópicos que envolvem o canal biliar e pancreático,
Idiopática (não é encontrada causa).
Quadro Clínico
Os sintomas da pancreatite aguda incluem:
Dor abdominal superior que pode ser de tolerável à lancinante, em faixa, na altura do estômago, tanto à direita como à esquerda;
Projeção da dor para as costas, tórax, flanco ou para baixo,
Piora da dor com a alimentação, principalmente gordurosos,
Náuseas e vômitos,
Perda do apetite,
Distensão abdominal (inchaço),
Febre,
Falta de ar,
Cansaço,
Hipotensão e Choque (pressão muito baixa impossibilitando o funcionamento dos órgãos).
Diagnóstico:
A história clínica do paciente irá revelar o uso abusivo do álcool que, quando ausente, principalmente em mulheres, é fortemente sugestivo de calculose da vesícula biliar, confirmada pelo exame de Ultra-sonografia.
Os exames de sangue revelarão níveis elevados das enzimas pancreáticas, amilase e lípase confirmando o diagnóstico de pancreatite. A diminuição do cálcio no sangue é sinal de piora, assim como o aumento dos leucócitos, da glicose, da uréia e da creatinina.
Em alguns casos de pancreatite a amilase do sangue pode ser normal pois ela sobe rapidamente no início e logo diminui, não significando melhora.
Em alguns casos, a Tomografia Computadorizada de Abdome quando há suspeita de inchaço do pâncreas e da presença de líquidos no abdome. A tomografia também pode revelar pseudocistos pancreáticos que são cavidades contendo enzimas pancreáticas que se desenvolvem em alguns casos de pancreatite grave na pancreatite crônica. Complicações sérias podem acontecer quando os cistos estouram e as enzimas entram em contato a superfície do abdome (peritonite).
Prevenção:
Evitar o abuso de álcool se a pessoa nunca teve pancreatite,
Nunca mais beber, se a pessoa já teve algum episódio de pancreatite álcool-induzida,
Acredita-se que manter um peso normal e evitar a perda de peso rápida possa prevenir o desenvolvimento de cálculos biliares,
Evitar o uso indiscriminado de antibióticos e de contraceptivos orais a base de estrogênio.
Tratamento
Medidas Gerais:
Repouso no hospital,
Jejum para “descansar” o pâncreas,
Reposição de líquidos por via endovenosa,
Passagem de uma sonda pelo nariz até o estômago para controlar os vômitos,
Nutrição parenteral (por uma veia grossa) pode ser necessária nos casos mais graves,
Remédios para proteger o estômago de úlceras de stress. Inclui os bloqueadores H2 (Cloridrato de ranitidina) e os Inibidores da bomba de próton (Omeprazol, Pantoprazol, Esomeprazol, etc),
Antibióticos só são indicados nos casos graves e quando a causa é a calculose biliar pela freqüente presença de infecção da vesícula – colecistite.
A Cirurgia é indicada nas seguintes situações:
Tratamento definitivo dos cálculos de vesícula (colecistectomia),
Infecção pancreática documentada com abscesso (coleção de pus),
Necrose (deterioração) extensa do pâncreas,
Hemorragia importante,
Choque que não melhora,
Insuficiência de múltiplos órgãos.
Qual médico procurar?
O paciente com uma dor abdominal intensa, que não melhora com as medidas caseiras, ou que é acompanhada de vômitos ou náuseas intensos, deve-se procurar um cirurgião geral ou ser atendida em um pronto socorro.
Prognóstico:
A pancreatite de leve freqüentemente melhora na primeira semana, sem complicações e sem nenhum problema adicional, mas os casos graves podem durar várias semanas. A pancreatite crônica pode se desenvolver se houver uma lesão significativa do pâncreas ou se o paciente teve vários ataques ao longo do tempo.
Quase 10 por cento dos pacientes desenvolvem complicações como abscesso e necrose do pâncreas que podem requerer tratamento cirúrgico.
A Pancreatite causada pela bebida alcoólica ocorrerá em crises, de tempos em tempos, se o paciente insistir em beber. Aproximadamente 10 por cento dos pacientes com pancreatite aguda relacionada ao álcool desenvolvem pancreatite crônica.
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olá sou estudante do 4º periodo de farmacia aqui no maranhão...
ResponderExcluirsó passando pra dizer que gostei do seu blog, tem artigos que justamente eu estava pesquisando como a sindrome do choque toxico e pancreatite.. PARABENS.. mto legal sua iniciativa em patologia...
Estive olhando que vc é de CRATO-CE, justamente a cidade natal de praticamente toda minha familia...
Add meu msn para falarmos de assuntos academicos e do meu amado CRATIM DE AÇUCAR,hauaahauha
powerjeff@hotmail.com
Jefferson Alves